domingo, 10 de abril de 2011

Bolsinhas e um outro assunto menos agradável






Esta pequena necessaire em feltro foi feita seguindo um tutorial do Bananacraft. Estou tão sem tempo que tinha mandado a foto para a Daniele publicar no Sábado Craft que foi ontem "ao ar" antes que eu conseguisse publicar aqui no blog!



O tutorial desta outra em crochê vocês encontram no blog The Royal Sisters. Quem for lá e vir a fotinho vai perceber que, PARA VARIAR, a minha ficou pequena... Tudo bem, eu adoro quando as amiguinhas do meu filho fazem aniversário :)

Obrigada a todas pelos comentários carinhosos de sempre, prometo retribuir as visitas e responder aos emails aos poucos, eu "tardo mas não falho" hehe Quero aproveitar para dizer que algumas pessoas deixam comentários mas não possuem perfil no Blogger e/ou email para contato, portanto não tenho como responder. Por favor não pensem que é falta de atenção! É que não gosto de responder na própria página de comentários, sei lá.

Bom, morando eu no RJ não podia deixar de dar uma palavrinha sobre a tragédia da semana passada. Na verdade, sobre a tragédia pouco tenho a dizer. Foi tão brutal e triste que dispensa qualquer comentário. Mas eu não consigo deixar de ficar indignada com a atitude da mídia e das pessoas que assistem TV/leem jornais. É NOJENTA a forma sensacionalista com que a mídia explora o sofrimento alheio. Como diz uma amiga da minha irmã, isso não é jornalismo. Pois anteontem estava eu no consultório médico, tentando ler meu Walden (sempre tenho um livrinho na bolsa para "modo de espera"), e a porcaria da TV ligada. Não vou nem dizer em qual emissora, só digo que a abordagem era realmente PODRE, um sensacionalismo da pior espécie. E pior de tudo era a reação das pessoas no consultório, sorvendo avidamente as "pseudo-notícias", vendo várias vezes as mesmas cenas horríveis, interessadíssimas nos detalhes mais sórdidos que são, a meu ver, completamente desnecessários de serem divulgados. Isso me faz pensar no Coliseu lotado há 2 mil anos atrás, aquela multidão sedenta de sangue, vibrando com a carnificina de leões trucidando cristãos e tigres esquartejando gladiadores. Será que realmente não evoluimos nada desde então? Eu sei que, depois de 5 minutos, eu não aguentei e fui para o corredor do prédio ler meu livrinho em pé e sem ar condicionado. Eu não tinha condições de ficar vendo/ouvindo aquilo - e quem me conhece sabe o quanto eu ODEEEEEIIIOOOOO calor!!!

Enfim, enfim...
Hoje recebi este texto por email, achei muito bom. Ainda existem seres pensantes neste mundo.


O Horror da diferença  - Cacá Diegues
Como ele está morto e nunca em vida conversou com alguém sobre o assunto, jamais saberemos os motivos e as circunstâncias psíquicas que fizeram com que o rapaz entrasse na escola de Realengo e praticasse aquele massacre de crianças. Todos temos o direito de fazer suposições, mas jamais conheceremos a verdade, é inútil insistir.

Talvez nos reste apenas tirar das circunstâncias da tragédia algum ensinamento, seguindo umas poucas pistas a nosso dispor. A mais importante delas está certamente na carta deixada pelo assassino, um pouco subestimada pelo que andei lendo nos jornais.

Ali está, antes de tudo (ou “primeiramente”, como o autor a inicia), uma ostensiva divisão do mundo entre os “puros” e os “impuros”, não podendo estes nem ao menos tocar em seu corpo. Mais do que fazendo uma declaração religiosa fundamentalista, Wellington está assim se referindo à incompatibilidade entre ele e os outros, sendo estes os que não merecem viver no mesmo mundo que ele.

Talvez estivesse até dividido entre esse “eu” e “o outro”, sendo ele mesmo as duas coisas. Wellington atirou de preferência em meninas, como se estivesse eliminando preferencialmente o desejo que o tornava “impuro”. Ou seja, que o tornava “o outro”. Mas isso, mais uma vez, é apenas uma suposição.

Como também poderia estar se vingando do que outras crianças podem ter feito com ele no passado, nas mesmas salas de aula em que perseguiu suas vítimas. Alguns relatos dizem que Wellington teria sido alvo de bullying (será que o verbo “bolinar” é um anglicismo decorrente de “bullying” ou os dois vocábulos têm igual raiz latina?), quando estudou naquela mesma escola dos 11 aos 14 anos de idade e era conhecido como Sherman (referência ao nerd de “American Pie”) ou Suingue (por mancar de uma perna).

O que é evidente, a partir das poucas pistas deixadas, é que a tragédia na escola de Realengo está repleta, por todos os lados, de graves e clássicos sintomas de intolerância, uma incapacidade de suportar a diferença, um horror dela que nos impede de viver em paz com o outro.

Nesta mesma semana em que Wellington invadiu a escola atirando em crianças, uma menina chamada Adriele, de 16 anos, foi assassinada no interior de Mato Grosso do Sul por dois rapazes que não se conformavam com o romance dela com a irmã deles. Na semana anterior, Michael, da equipe do Vôlei Futuro, era objeto de brutal manifestação coletiva de homofobia, num ginásio de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, por ter-se declarado homossexual. Uma tradição de nosso esporte: há cerca de 10 anos, o jogador Lilico já tinha sido excluído da seleção brasileira de vôlei pela mesma razão.

Por esses mesmos dias, o deputado Jair Bolsonaro falava na televisão da “promiscuidade” que não permitia a seus filhos, a de se relacionar com uma mulher negra como Preta Gil. Assim como um pastor evangélico afirmava, em sua pregação religiosa, que os africanos eram fatalmente herdeiros de maldição lançada por Noé, em nome de Deus, logo depois do dilúvio.

Um pouco mais longe de nós, outro religioso, desta vez na Flórida, queimava em público um exemplar do Alcorão, o livro sagrado dos islamistas. O que provocou, em represália, o assassinato de dezenas de pessoas no Afeganistão, vítimas de homens-bomba.

Se o culpado for sempre o outro, se o mundo estiver dividido sempre entre os puros e os impuros, não evitaremos nunca novos Wellington, nem que toda a polícia do país passe a trabalhar exclusivamente na porta de nossas escolas. A resistência à diferença, o horror a ela, sempre foi causa ou pretexto de todos os genocídios na história da humanidade.

Às vezes, ela se disfarça sofisticadamente em ideologia ou visão de mundo, com teorias cheias de argumentos. Como no nazi-fascismo de Hitler, Mussolini, Pinochet e tantos outros; ou no comunismo de Stalin, Mao, Pol-Pot e tantos outros. Mas, no fundo, todas essas formas de autoritarismo que encharcaram o século XX de sangue partiram sempre da ideia de rejeição da diferença, por medo ou ignorância, por má ciência ou simples superstição.

Um certo cinema, sobretudo o norteamericano de ação, nos encheu e ainda nos enche a cabeça de estímulos a esse combate à diferença. As batalhas intergaláticas de humanos decentes contra alienígenas do mal apenas substituem a incompatibilidade clássica entre o branco civilizador e o indígena selvagem do Velho Oeste, sucedendo aos épicos de guerra contra os insensíveis amarelos do Sudeste da Ásia e os pérfidos árabes do Oriente Médio.

Nesse sentido, um filme como “E.T.”, de 1982, fez mais pela democracia americana do que muito discurso de liberais locais. No filme de Steven Spielberg, a amizade entre a menina interpretada por Drew Barrymore e o extraterrestre monstruoso, perseguidos pelas máscaras e tubos higienicamente brancos dos eugenistas comandados por Pete Coyote, era uma perfeita metáfora do que poderia ser o mundo sem o medo do outro.

Ninguém nasce racista ou homofóbico, ninguém nasce com preconceito algum. A educação que recebemos ao longo de nossos primeiros anos de vida é que nos torna assim ou assado. E isso é portanto uma responsabilidade de todos, da sociedade onde vivemos e no seio da qual seremos preparados para a vida.



24 comentários:

Vanessa Biali disse...

Trabalhos fofos como sempre!
Amei teu texto sobre o sensacionalismo da TV e mídia em geral. Assino embaixo! É, parece que não evoluímos muito mesmo...
Beijos,
Vanessa

Juliana! disse...

Seus trabalhos são sempree lindos :D
Isso que aconteceu no Rio serve de alerta para muuitas pessoas,escolas,empresas e até mesmo num simples lazer.
Pq as pessoas agem sem deixar explicação.Sinto muuito pelas crianças e seus familiares me coloco no lugar deles e não imagino isso acontecendo com alguem que amoo muito.Meu Deus isso é o fim dos tempos! Desabafei aqui :)
* Muito bom o texto de Cacá!

bjos

Fabíola Deiró - Artesanatos disse...

Dorinha
a necessaire ficou linda,também já fiz uma,a foto não ficou muito boa está no meu blog,fiz seguindo o pap no blog da Soraia...
O crochê também está lindo.

Concordo com você,seu texto está perfeito,como pode se beneficiar em cima da desgraça alheia e ainda falar imagens exclusivas,NOSSA equipe conseguiu imagens exclusivas ...e além disso fica repetindo as mesmas imagens da correria e sofrimento dessas crianças que nem podem mais assistir tv,e ontem vendo o programa da Ana Maria ela pergunta a menina:

Você foi dormir que horas??
Você sonhou com o que???

Como assim gente?A menina passou por momentos de terror e pergunta com o que ela sonhou...Na falta do que falar é melhor ficar calada...

Beijokas amiga ,tenha uma semana abençoada

Rafaela Hübner disse...

Oii Dorinha, lindas as bolsinhas :D
Que nóia com bolsa pequena hehe, alguns anos atrás era moda, mas eu também prefiro as maxi :D pra caber tudo mesmo.
Eu não me lembro qual emissora que era, mas no dia da tragédia mais pela tardezinha entrevistaram dois estudantes que estavam na escola, um adolescente que foi salvo por um professor que saiu da sala e trancou a porta, mas que ouviu tudo. O coitado estava sorrindo, feliz por aparecer na TV, o repórter perguntou se ele tinha perdido algum amigo ele disse que sim, aí o repórter perguntou sobre os pais da menina que tinha morrido, e o adolescente respondeu "estão bem, bem" ¬¬
A outra entrevistada foi uma menininha, de uns 13 anos, a coitadinha tinha visto o assassino, disse que só conseguiu fugir quando ele recarregou a arma. E eu assistindo, pensando que essa criança deveria estar sendo protegida, estar no hospital, com um psicólogo ou no mínimo em casa com os pais, mas não, estava sozinha ainda na frente do colégio.
Não é só a mídia que tá errada não, o cuidado com as vítimas também, e até as vítimas estão enlouquecidas. Eu imagino que se fosse comigo, eu não conseguiria sorrir para a TV ¬¬
Também me irrita esse tipo de coisa.

Enfim, momento raiva passou UHSAUHSAUHSAHU
Beijinhos!
Rafa H.

Carla disse...

Adorei tudo. A necessaire está muito fofa. Lembra-me as coisas dos anos 70 que, minha avó, que costura, fazia para mim e minha prima. A bolsinha de square também está linda. Adorei a combinação de cores.

Quanto ao acontecido... Ai! Realmente, aquilo não é jornalismo. Palavra de jornalista que se recusa a viver do dinheiro sujo da profissão. Acho que aquele caso Isabela Nardoni foi um divisor de águas. Depois daquele, há e haverá ainda muitos outros casos com essas "coberturas" da mídia. Um nojo, uma vergonha, um desrespeito.

Carla disse...

Volei! hehehehe!

Lindona, você vive falando do tamanho dos seus crochets. Lembrei-me desta postagem aqui:

http://falandodecrochet.blogspot.com/2011/03/como-aumentar-ou-diminuir-um-graficos.html

Talvez ela possa te ajudar...

E, ai, bosta! Desde ontem estou tentando publicar uma postagem e a bosta do Blogger está com o botão de publicação inativo. A postagem simplesmente não vai. Acho que vou criar um endereço novo!

Juliana disse...

Lindas as bolsinhas.
Concordo com vc sobre a tragédia no Rio. Na TV aberta eu só vejo telejornais, mas diante de tanto sensacionalismo a TV aqui ficou desligada nesses dias. Não dou conta.
Beijinhos,
Ju

Ana Paula R. Portela disse...

Belezura de necessaire!
Voce reclama de tempo, mas semmpre acha o necessario para fazer maravilhas!
Bom domingo querida.
Quanto ao ocorrido... vc disse tudo.
Bjs

May Bell disse...

Excelente este texto, ele nos faz refletir como nós próprios, em muitos de nossos atos, adubamos a intolerância. O simples fato de acharmos o outro diferente, ou nos acharmos melhores e mais capazes, faz com que os outros tornem-se descartáveis.
um beijo e bom domingo!

Anônimo disse...

Oi amiga...lindos trabalhos!!!
Bjs e abençoada semana!

Luciana F. Damiano disse...

A última frase do texto é perfeita não é mesmo?

Bem, que eu estranhei, vi a bolsinha no banana ontem e pensei, "Ué...essa eu nunca vi...", rsrs, ficou uma graça! A de crochê também.

bjs

Márcia LP disse...

Dorinha!!!
Bom poder passar por aqui e lavar a alma. Não preciso dizer nada. Você já disse tudo. O texto apresentado é ótimo. Parabéns pelo post. Beijo e boa semana.

Wind Zackie disse...

Muito bonito os trabalhos =D e mini bolsinhas sao fofas XD Eu nao uso bolsinhas normalmente (só mochila mesmo), mas acho elas fofas =D

E bem, a respeito o incidente do rio de janeiro, o sistema de saude mental nacional é muito deficiente. Nem todo mundo que sofre bullying sai metralhando todo mundo. Só um comentario adicional, actually. Concordo com o que voce colocou no post, mesmo que o texto nao seja seu.

bjo, té!

Soraia Melo disse...

tudo lindo e muito bem falado Dorinha!
Nem preciso falar mais nada...
beijinhos e boa semana pra vc querida,
So *Ü*

Jud disse...

Oi Dorinha,
É um desencanto ver tudo isto!
Parabens pela bolsinha no Banana, adorei!
Acabei de postar sobre suas artes, dá uma espiada...
Grande beijo,
jud-artes.

deise PAES disse...

Olá Dorinha querida!
Adorei a necessarie, super delicada! Cheia de detalhes fofos como os botõezinhos de florzinha e as fitinhas!!!
Eu continuo gostando das mini bolsinhas! Como já disse antes se couber chave, celular e um dinheirim está perfeito pra mim!!! hahaha
Quanto ao Rio, acho uma temeridade o que a imprensa faz! São programas inteiros enaltecendo o feito de horror desse maluco e relembrando outros malucos! Na minha opinião isso só encoraja outras mentes doentes!
Uma semana cheia de alegrias e crafts lindos!
Beijinhos!

May Bell disse...

Oi Isadora

Tem um selinho para você em meu blog!
Um beijo

Izabel Biali disse...

Oi Isadora,
Lindos trabalhos, como tudo que você faz.
Tudo bem combinadinho.
Quanto ao texto muito legal, você disse tudo.
Beijo
Izabel

Anônimo disse...

Ola amiga,
voce sempre me surpreende com trabalhos lindos - e sempre novidades.
Lamento o que tenha (esteja) acontecido (ndo) ai no Brasil. As noticias nao chegaram ate aqui...
abracos
Gina

Nile e Richard disse...

Oi Dorinha.
Lindos trabalhos.
Gostei do seu texto sobre sencacionalismo da TV e midia.
Esse pessoal abusa demais das dores aleias.
A mensagem que recebeu é linda.
bjtos.Nile.

Patrícia Lopes de Lara disse...

Linda bolsinha, as cores, perfeitas.
Tambem me incomodo com o sensacionalusmo, e nos ultimos dias nao assisti mais Tv, nao há mais nada a acrescentar. So pensar, lamentar e orar pelo conforto das famílias
Bj
Patricia
Patipins.blogspot.com

Soraia Melo disse...

Oi Dorinha,obrigada pelo recadinho carinhoso, viu?
beijinhos minha linda e um otimo dia pra vc,
So *Ü*

Nilda Biagio disse...

Olá Dorinha
Postei hoje o gráfico da toalhinha que vc pediu...demorou um pouco porque eu não estava encontrando!!
Bj
Nilda

Carla disse...

Pestona, se aí não fosse tããããão quente, mas tããão quente, juro que fazia uns daqueles ovos e mandava para você, Chicón, maridón, gataiada e Wicca (ah, e para o PeBo). Huahahaha!

Obrigada pelo elogio. Seus elogios sempre valem pontos extra.

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